Sempre fui muito
prática. Seja na escolha de um prato no restaurante, na compra de uma roupa, na
escolha de um trabalho, ou no fato de iniciar ou romper um relacionamento: apenas
seguia um padrão que já tinha criado, para facilitar o processo. Simples assim.
A bolsa mais prática de carregar, o prato já conhecido no restaurante, a casa
mais perto do trabalho, o cara que me desse atenção... E hoje, enquanto
passeava por sites de compras, me dei conta de que estou há meses escolhendo a
bolsa perfeita. E isso nunca aconteceu.
As bolsas
escolhidas por simplesmente serem mais práticas ou seguirem o perfil das que eu
usei por anos, não me interessam mais. Eu não sou a mesma que criou estes
padrões há 15 anos. Não me pareço em nada com a menina que decidiu, antes mesmo
de sair do colégio, que a carreira era a coisa mais importante da vida. Não sou
mais a adolescente com problemas de auto-estima que se deixava ser escolhida nos
relacionamentos ou para trabalhos por achar que era o melhor que poderia
conseguir. Eu não trabalho mais “batendo perna” na rua para precisar de bolsas
que comportem o mundo e que sejam fáceis de carregar.
Tudo começou
quando notei que, a decisão de uma vez por semana experimentar um prato
diferente estava sendo seguida à risca há meses. Anteriormente, tinha muito
medo de experimentar coisas novas. Olhava com desconfiança coisas que nunca
havia provado. Mas hoje, é muito diferente. Muitas vezes deixo a dona do
restaurante japonês no qual sou habitue fazer a escolha pra mim, ou o garçom do
local novo que decidi conhecer o fazer. E, na maioria absoluta das vezes, a
surpresa é positiva. Não me importo de pagar um pouco a mais se gosto mesmo de
uma coisa.
Também reparei
que sem perceber, havia alterado totalmente o meu guarda roupas. E nele não tem
mais nenhum resquício da menina que não queria crescer ou da mulher que tinha
que ser obrigatoriamente sexy para ter a atenção dos caras e se sentir melhor
consigo mesma. As roupas hoje têm realmente a ver comigo. Amo as camisas, as
calças, as saias comportadas, às vezes um decote um pouco mais ousado, mas despretensioso...
Tudo feito de outra maneira. Combinando com a pessoa que eu sou hoje. Mas
precisamente, com a mulher que sou hoje. E, se quer saber, me sinto muito mais sexy
com esse ar de mistério do que entregando o jogo no começo do primeiro tempo. E
isso é muito pessoal. Funciona pra mim.
No trabalho, me
permiti deixar de lado o status que Ser jornalista me dava, para fazer uma
coisa que realmente gosto de fazer: eu amo trabalhar com vendas! Sim, vendas. Não
me permito mais ser identificada pela minha profissão. Antes eu era A
Jornalista. Era a única resposta que eu tinha quando me perguntavam quem eu
era. E para me desligar desta carreira com a qual não me identificava mais,
porém me dava um status incrível, tive que trabalhar muito a minha mente que
era terrivelmente ligada a esses ganhos.
Nos
relacionamentos, não me permito mais ser escolhida. Sou eu quem escolho! Me
tornei uma pessoa incrível e mereço uma pessoa incrível também. Trabalhei muito
para isso. Investi tempo, saúde, dinheiro... Abri mão de coisas para conquistar
tudo que sou hoje. E isso não pode ser deixado de lado. E não vai...
De tudo isso,
aprendi que mudar não é ruim. O novo assusta, desconcerta, causa dúvidas, mas
vale sempre à pena. Não tenha medo de mudar! Não tente fazer escolhas baseada em
parâmetros que tinha há 20 anos ou mais. Ou nas decisões de outras pessoas.
Experimente coisas novas, veja se a carreira que está seguindo é a que faz seu
coração “pulsar” de verdade. Se permita mudar de idéia sobre a criação dos
filhos, a opção do casamento, a manutenção do mesmo. Se permita ser ousada ou
não. A decisão é sempre sua. Mas se permita!
Eu acredito que
o espírito permanece, mas o corpo acaba. Então, se manter dentro dos padrões,
com medo de experimentar e viver, não contribui em nada para a sua evolução. Então
viva!
Quanto à bolsa, vou
experimentar um modelo novo. E se não gostar, mudo outra vez! E esta é a grande
sacada.
Muito obrigada!
Namastê